Amanhã, dia 26 de Maio, Pequim acolhe a quarta
edição do I.N.T.R.O (“Ideas Need To Reach Out”), o mais antigo e o maior
festival de música electrónica da China. O espaço 751 D-Park (Designer Park),
vizinho do bairro das artes “798”, volta a ser o palco do evento que serve de
montra da cena da música electrónica na China.
Para este ano, o cartaz do festival anuncia
mais de 80 artistas, com o contingente da Acupuncture Records (editora de
Pequim que organiza o festival) a dominar. A lista de convidados internacionais
é encabeçada pelo brasileiro Gui Boratto, estrela do techno minimal, o sueco
Christian Smith e o francês Anthony Collins.
Há sensivelmente um ano, por ocasião do
terceiro I.N.T.R.O, trouxe a estas páginas as palavras da grande impulsionadora
do festival, a mulher forte da Acupuncture Records, Miao Wong, que conheci em
2009, na segunda edição do festival. Dizia Miao que “a cena da música
electrónica é muito recente e ainda luta para sobreviver. À medida que vamos
fazendo coisas vamos ficando melhores e vamos diversificando a nossa
actividade, mas se queremos desenvolver a cena temos de ser nós a fazê-lo, até
que ganhe maturidade”.
O panorama não mudou muito desde então, mas a
segunda pessoa do plural na qual Miao Wong conjugava o seu pensamento é cada
vez mais plural, ou seja, a comunidade que anima o movimento da música de dança
electrónica em Pequim continua em crescimento.
Da família cada vez mais numerosa também faz
parte, agora, o projecto Metrowaves, dinamizado por Markus M. Schneider, alemão
residente em Pequim. Com origem na capital chinesa, Metrowaves centra a acção
na promoção de novos formatos de encontro e diálogo entre produtores de música
electrónica e a audiência. De carácter internacional, o projecto pretende ligar
os produtores chineses a produtores de outras paragens, conferindo desta forma
mundo à experiência chinesa, ainda fresca quando comparada com o que acontece
na música electrónica noutros países, sobretudo europeus.
Em cooperação com o Goethe-Institut (já por
mais do que uma vez, nestes textos, salientei a actividade desempoeirada deste
instituto com a missão de promover a cultura alemã no mundo, em contraste com a
tibieza de outras instituições similares), Metrowaves estreou-se, na última
quarta-feira, com a organização da conferência “ME:CON - Metrowaves Electronic
Music Convention”, que termina no próximo dia 26, em Pequim.
O objectivo deste evento consiste no
estabelecimento de uma plataforma, uma rede, dedicada especificamente à música
electrónica, ao mesmo tempo que serve para debater as situações e condições
locais e regionais, fazer uma avaliação das necessidades e definir desafios e
estratégias possíveis para o futuro. O plano parece ambicioso, mas é
necessário.
Pela primeira vez, responsáveis de editoras, promotores
de eventos, gestores de clubes nocturnos e de recintos de espectáculos,
músicos, DJ e membros dos media vão, juntos, discutir o cenário do movimento da
música electrónica na China.
Para situar e destacar Pequim na rede
internacional, ME:CON convidou pessoas que chegam à China vindas da Alemanha,
Suíça, Espanha e dos Estados Unidos para partilhar experiências e,
possivelmente, encetar uma série de colaborações.
No entanto, nada disto faria sentido se
faltasse a origem de tudo: a música. Por isso, ME:CON tem uma extensão da
conferência no festival I.N.T.R.O deste ano, onde apresenta o “Metrowaves
Stage”, com vários DJ de Pequim, Xangai, Hong Kong, Taiwan e da Alemanha.
Na capital chinesa, o momento, oportuno, é de
tomar o pulso e sentir a onda. É tempo.
Publicado no jornal Hoje Macau no dia 25 de Maio de 2012
Sem comentários:
Enviar um comentário