sábado, 8 de agosto de 2015

Sentir a onda


Amanhã, dia 26 de Maio, Pequim acolhe a quarta edição do I.N.T.R.O (“Ideas Need To Reach Out”), o mais antigo e o maior festival de música electrónica da China. O espaço 751 D-Park (Designer Park), vizinho do bairro das artes “798”, volta a ser o palco do evento que serve de montra da cena da música electrónica na China.

Para este ano, o cartaz do festival anuncia mais de 80 artistas, com o contingente da Acupuncture Records (editora de Pequim que organiza o festival) a dominar. A lista de convidados internacionais é encabeçada pelo brasileiro Gui Boratto, estrela do techno minimal, o sueco Christian Smith e o francês Anthony Collins.

Há sensivelmente um ano, por ocasião do terceiro I.N.T.R.O, trouxe a estas páginas as palavras da grande impulsionadora do festival, a mulher forte da Acupuncture Records, Miao Wong, que conheci em 2009, na segunda edição do festival. Dizia Miao que “a cena da música electrónica é muito recente e ainda luta para sobreviver. À medida que vamos fazendo coisas vamos ficando melhores e vamos diversificando a nossa actividade, mas se queremos desenvolver a cena temos de ser nós a fazê-lo, até que ganhe maturidade”.

O panorama não mudou muito desde então, mas a segunda pessoa do plural na qual Miao Wong conjugava o seu pensamento é cada vez mais plural, ou seja, a comunidade que anima o movimento da música de dança electrónica em Pequim continua em crescimento.

Da família cada vez mais numerosa também faz parte, agora, o projecto Metrowaves, dinamizado por Markus M. Schneider, alemão residente em Pequim. Com origem na capital chinesa, Metrowaves centra a acção na promoção de novos formatos de encontro e diálogo entre produtores de música electrónica e a audiência. De carácter internacional, o projecto pretende ligar os produtores chineses a produtores de outras paragens, conferindo desta forma mundo à experiência chinesa, ainda fresca quando comparada com o que acontece na música electrónica noutros países, sobretudo europeus.

Em cooperação com o Goethe-Institut (já por mais do que uma vez, nestes textos, salientei a actividade desempoeirada deste instituto com a missão de promover a cultura alemã no mundo, em contraste com a tibieza de outras instituições similares), Metrowaves estreou-se, na última quarta-feira, com a organização da conferência “ME:CON - Metrowaves Electronic Music Convention”, que termina no próximo dia 26, em Pequim.

O objectivo deste evento consiste no estabelecimento de uma plataforma, uma rede, dedicada especificamente à música electrónica, ao mesmo tempo que serve para debater as situações e condições locais e regionais, fazer uma avaliação das necessidades e definir desafios e estratégias possíveis para o futuro. O plano parece ambicioso, mas é necessário.

Pela primeira vez, responsáveis de editoras, promotores de eventos, gestores de clubes nocturnos e de recintos de espectáculos, músicos, DJ e membros dos media vão, juntos, discutir o cenário do movimento da música electrónica na China.

Para situar e destacar Pequim na rede internacional, ME:CON convidou pessoas que chegam à China vindas da Alemanha, Suíça, Espanha e dos Estados Unidos para partilhar experiências e, possivelmente, encetar uma série de colaborações.

No entanto, nada disto faria sentido se faltasse a origem de tudo: a música. Por isso, ME:CON tem uma extensão da conferência no festival I.N.T.R.O deste ano, onde apresenta o “Metrowaves Stage”, com vários DJ de Pequim, Xangai, Hong Kong, Taiwan e da Alemanha.

Na capital chinesa, o momento, oportuno, é de tomar o pulso e sentir a onda. É tempo.

Publicado no jornal Hoje Macau no dia 25 de Maio de 2012 

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