Quiet
nights of quiet stars, quiet chords from my guitar
Floating
on the silence that surrounds us
Quiet
thoughts ‘n’ quiet dreams, quiet walks by quiet streams
Climbing
hills where lovers go to watch the world below together
Quiet Nights of Quiet Stars (Corcovado)
Tom Jobim
Na próxima
terça-feira, dia 8, a Live Music Association (Edifício Man Kei, na Avenida do
Coronel Mesquita), oferece o palco para uma “Flau Night”. São três os nomes
ligados à editora japonesa que, pela primeira vez, actuam em Macau: Cokiyu, Aus
e Cuushe.
Desde que surgiu,
em 2006, a Flau tem contribuído exemplarmente para o estabelecimento do Japão
como ponto central da produção actual de folk-electrónica, uma das ramificações
da “indietronica” (mais uma “categoria” do que um “estilo”, de acordo com o
excelente All Music Guide, caracterizada pela fusão de sonoridades devedoras ao
rock e à pop, com desvios electrónicos), que tem raízes ainda nos anos 1990
(cortesia dos ingleses Stereolab), e que se espalhou no tempo e no espaço.
Devedora dos
computadores, a folk-electrónica de que a Flau tem sido embaixadora mereceu o
epíteto de “bedroom pop”, um mimo que, na verdade, é certeiro na descrição de
uma música de sensibilidade delicodoce e que se adivinha de produção solitária.
Apesar de ter base
em Tóquio, a Flau alinha nas suas fileiras projectos de todo o mundo.
O duplo disco
“Echod”, lançado no mesmo mês de Dezembro de 2006 em que a Flau foi fundada,
além de anunciar a editora, serviu também para apresentar ao público japonês
artistas de outras paragens que são inspiração para a Flau. Assim se explica a
inclusão de nomes dos Estados Unidos, Europa, Reino Unido e América do Sul, The
Boats, Lori Scacco, Montag ou Florencia Ruiz, entre outros.
Limitado a uma
edição de 100 cópias, “Echod” foi uma espécie de disco fantasma que desapareceu
quase que instantaneamente.
O disco Flau que
ostenta o número um de um catálogo que já conta com 21 títulos é, no entanto,
“Mirror Flake”, de Cokiyu, um dos nomes que vão estar em Macau.
Depois de artistas
como Piana ou Tujiko Noriko, Cokiyu é mais um nome feminino a pontificar na
cena japonesa.
Munida de um piano
de brincar, toques de guitarra suaves e arranjos electrónicos, Cokiyu Yukiko aventura-se
por canções sobre as quais plana com a sua voz delicada. Entre o intimismo de
um quarto adolescente e o ambiental de espaços largos e oníricos, a música de
Cokiyu, já com dois álbuns, deixa uma impressão duradoura.
As mesmas
expressões e ideias assomam para descrever a música de outro dos nomes que
estará em Macau na próxima terça-feira, Aus.
Projecto solitário
de Yasuhiko Fukuzono, curador da Flau, Aus tem, desde 2004, nove discos
editados e dezenas de participações em compilações e remisturas. Já trabalhou
com nomes com Ulrich Schnauss ou Joshua Eustis, dos Telefon Tel Aviv.
Na sua música, os
“field recordings”, sons ambientais do quotidiano, dão textura à electrónica,
muitas vezes minimal e abstracta ao ponto de se tornar hipnótica.
O outro nome que
nos visita no próximo dia 8 é Cuushe, mais um nome feminino que, além do
género, partilha outras afinidades com Cokiyu.
Cuushe vem de
Quioto e na bagagem, certamente, haverá alguns dos temas que farão parte do seu
segundo trabalho, “Girl You Know That I Am Here But The Dream”, com edição
agendada para Junho de 2012, e que inclui remisturas feitas por nomes como Teen
Daze ou Julia Holter.
O disco de estreia
de Cuushe, “Red Rocket Telepathy”, de 2009, nas palavras da editora Flau,
navegava pelas águas da “dream pop”, mas mais próximo dos “sonhos desfeitos” do
que de uns quaisquer “sonhos cor de rosa”. “Nostalgia” é a palavra-chave
apresentada pela editora para abordar as paisagens sonoras electrónicas que
tanto evocam Cokiyu como Björk.
Que mais virá e que
memória ficará é tarefa para conferir uma noite destas, em Macau.
Publicado no jornal Hoje Macau no dia 4 de Maio de 2012
Sem comentários:
Enviar um comentário